Resenha: Deuses Americanos

   

Título: 
Deuses Americanos
Autor: Neil Gaiman
Páginas: 576
Editora: Intrínseca

Sinopse:


Depois de três anos atrás das grades, o momento pelo qual Shadow tanto esperou se aproxima. Logo ele retornará para casa e para a esposa, pronto para começar uma nova vida. No entanto, poucos dias antes de ser liberado, a vida de Shadow sofre mais uma reviravolta. Sem lar e sem rumo, ele aceita trabalhar para um homem enigmático chamado Wednesday. Trapaceiro e traiçoeiro, Wednesday parece saber mais sobre Shadow do que ele próprio. Os dois embarcam em uma viagem sombria e estranha pelos recantos dos Estados Unidos em busca de aliados para uma guerra entre deuses velhos e novos — uma guerra pelo poder de não ser esquecido. Ao longo do caminho, Shadow descobre que seu destino pode estar mais interligado aos deuses do que ele imaginava.


Mitologia, magia e mistério se juntam nesta narrativa profunda e poética que mostra por que Neil Gaiman é um dos autores mais versáteis e aclamados da atualidade.

Quote 1.

O primeiro contato com a escrita de Neil Gaiman não poderia ter sido melhor. Deuses Americanos é um livro de tirar o fôlego, com reviravoltas que surpreendem e lições de vida bastante necessárias. Acima disso tudo, Deuses Americanos é uma leitura estranha, no melhor dos sentidos.

Shadow se mostra um personagem cativante logo nas primeiras páginas. Ele difere daquilo que poderia se imaginar sobre um ex-presidiário: extremamente íntegro e capaz de fazer qualquer coisa por aqueles que ama. Totalmente o contrário de Wednesday. Apesar dessas características, o protagonista quase não demonstra seus sentimentos, aparentando não os ter, o que pode acabar distanciando o leitor.

E falando de personagens, existem muitos durante toda a história, quase todos sendo deuses, até onde é possível notar. Isso porque Deuses Americanos reúne todas as divindades possíveis e imagináveis: as nórdicas, africanas, japonesas e, em um certo momento, até o catolicismo se faz presente. Nesse ponto, é tudo muito rico.

Não é estranho então que, após algum tempo de leitura, você se sinta um pouco perdido ou que tenha deixado alguma descrição importante passar despercebida, e provavelmente vai acontecer, até porque são muitos detalhes e alguns deles ocupam uma página inteira. Dessa forma, vai a dica: leia com calma e atenção.

O livro é dividido em quatro partes, são elas: "Sombras", "Ainsel, eu mesmo", "O momento da tempestade" e "Epílogo: os mortos escondem alguma coisa". A leitura é, basicamente, uma road trip por lugares escondidos dos Estados Unidos, e outros nem tão escondidos assim. Muitos encontros com deuses, sequestros, gente morta que tá viva. Como dito: uma leitura estranha.

Mas nem só de deuses é feito a história. Shadow também tem momentos em que está longe disso, vivendo uma vida normal, convivendo com pessoas normais, se envolvendo em mistérios que, até então, são apenas humanos e por aí vai. Essas são passagens curtas, mas que servem para desenvolver melhor os pensamentos do personagem.

Parte três: O momento da tempestade.

Alguns detalhes específicos que são dados como segredo logo no inicio decepcionam quando são revelados conforme a leitura avança, exemplo disso é o significado do apelido Shadow, que mais fica parecendo uma explicação forçada e pouco criativa. Outros detalhes acabam não surpreendendo, não por já serem óbvios, mas sim por serem jogados a esmo.

Algo parecido acontece quando chega o momento da guerra entre os deuses velhos e os novos, a chamada tempestade. Durante todos os capítulos é comentado sobre esse momento que estava para chegar, e, quando chega, não é o que se esperava e não convence. Se trata apenas de algo mais filosófico.

Falando sobre os deuses, vamos ressaltar quem eles são. Os velhos são os já mencionados das mitologias diversas ao redor do mundo: Odin, Anansi, Anúbis e por aí vai. E os novos são os deuses da internet, da televisão, do dinheiro e outros. Um embate interessante, obviamente. No entanto, é visto muito pouco sobre os deuses novos, e isso pode acontecer, talvez, pelo fato de serem deuses conhecidos de todos, querendo ou não. Faz sentido?

Deixando Shadow um pouco de lado, os capítulos não numerados, que aparecem eventualmente entre os que são, esquecem do arco narrativo principal e fazem uma busca sobre à vinda à América, com histórias adjacentes sobre a chegada de cada deus. São momentos chamativos, onde leitura acontece de maneira mais fluída, já que, geralmente, os capítulos são mais curtos. 

Por mais que pareçam que não façam sentido, essas partes do livro contribui para a ampliação do universo que está sendo escrito, construindo aos poucos uma espécie de nova mitologia, que engloba todas as outras existentes.

Quote 2.

Sobre a edição, é possível ler na capa que essa é a preferida do autor, e não é para menos. Antes da história começar de fato, existem comentários sobre o livro em si, Neil Gaiman fala sobre o processo de escrita e como ele se sentia em relação à tudo que aconteceu após a publicação. Deuses Americanos é um de seus maiores sucessos.

No final, existem extras que detalham como foi a tradução e também uma entrevista com o escritor. Ademais, essa é uma versão estendida, sem cortes algum. Então espere descrições detalhadas até mesmo do que não é necessário.

Precisa falar sobre a capa? Ilustração lindíssima. Mesmo que na parte interna não exista muitos adornos, a diagramação cumpre seu trabalho com fonte em tamanho bom para leitura e cabeçalhos de capítulos bem trabalhados.

Então, se você nunca leu nada de Neil Gaiman e quer conhecer a escrita do autor, Deuses Americanos pode ser uma opção, pois até mesmo os momentos mais chatos são bons.

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