Muito além da travessura: a história do Saci

31 de outubro não é conhecido apenas por ser o Dia das Bruxas, mas também por ser o Dia do Saci. Tendo surgido como uma forma de resistência à importação cultural do famoso Halloween, o Dia do Saci é uma maneira de homenagear o personagem mais importante do nosso folclore.

Por Alexander Santos
Saci-pererê, Saci-saçurá, Matimpererê, Yaci Yaterê (do Tupi Guarani) ou simplesmente Saci, é um personagem oriundo do Sul do Brasil. Não existem informações exatas de como surgiu a lenda ou quando, mas é dito que ela surgiu entre o século XVII e XVIII, através dos indígenas da região das Missões. 

Essa primeira versão da lenda descrevia o Saci como um pequeno índio que possuía rabo, cuja diversão era a de estragar as plantações e espantar os animais. A partir disso, sua história começou a se espalhar por outras partes do país, sendo influenciada por outras culturas e sendo modificada.

Uma dessas culturas, por exemplo, é a africana. Ao chegar ao Norte do Brasil, o índio passou a ser um negrinho que possuía uma perna só, já que a outra havia perdido ao lutar capoeira. Além disso, o Saci agora era visto com um cachimbo, ou pito, proveniente da própria cultura africana, e um gorro vermelho, herdado do personagem Trasgo, da mitologia europeia. Essa é a versão mais conhecida hoje em dia.



As semelhanças entre o Trasgo e o Saci não ficam somente no gorro. Ambos os personagens são pequeninos e possuem poderes sobrenaturais, que são concedidos pelo próprio gorro. A fama dos dois também se dá por sempre aprontarem pequenas malvadezas, as famosas travessuras, que envolvem quebrar as louças, queimar a comida e por aí vai.

E de onde os Sacis nascem? Segundo algumas histórias, eles surgem através do bambu. Eles passam 7 anos dentro do gomo do bambu e depois saem para viver 77 sete anos. Quando morrem, podem se metamorfosear ou em orelhas de pau ou em cogumelos venenosos.

O que muito se discute sobre esse famoso personagem é sua índole: ele é mau ou somente travesso? Um fato é que ele é conhece toda e qualquer erva medicinal. Além disso, quando em bom humor, ele pode até lhe ajudar a procurar algo perdido. Então, talvez, ele não seja tão mau assim.


Outras características marcantes do Saci estão em suas mãos, que possuem somente três dedos cada e são perfuradas. Não possui pelos no corpo e órgãos para urinar e defecar. Mais um fato interessante: a fumaça do cachimbo ele solta pelos olhos.

Agora que já se sabe sobre sua origem, versões e características, existem outros pontos que são importantes de serem ressaltados, que estão relacionados à seus poderes sobrenaturais.

Começando pela sua forma de locomoção, algo que é bem famoso. As histórias dizem que os Sacis se locomovem através de redemoinhos, um dos símbolos do personagem. Eles giram em torno de si tal qual um pião e saem por aí, prontos para aprontarem suas travessuras.

O redemoinho também acaba por ser sua maior armadilha, já que quando ele está rodopiando ele fica mais vulnerável, o que facilita sua captura. É simples: você pega uma peneira e joga no redemoinho, tira seu gorro e o prende em uma garrafa, que precisa ser fechada com uma rolha com uma cruz desenhada. A peneira pode ser substituída por um rosário bento. Uma vez preso e sem seu gorro, que lhe concede seus poderes, o Saci fará tudo que você pedir.

E se você se ver sendo perseguido por essa criatura, o que fazer? É muito simples... você pode simplesmente atravessar um riacho. Os Sacis possuem medo e não conseguem completar a travessia. Uma outra opção é espalhar barbantes amarrados, porque assim eles pararão para desatar os nós, lhe dando tempo para escapar.

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